Introdução
O recente relatório da ONG Repórter Brasil trouxe à tona uma grave denúncia envolvendo dois dos maiores frigoríficos do Brasil, JBS e Frigol, na compra de gado ilegal criado em terras indígenas. Este artigo detalha as investigações e as implicações dessas ações para as comunidades indígenas, o meio ambiente e a economia brasileira.
Contexto da Denúncia
De acordo com a ONG Repórter Brasil, tanto a JBS quanto a Frigol foram implicadas na compra de gado de áreas desmatadas ilegalmente na Terra Indígena Apyterewa, no estado do Pará. A Apyterewa é reconhecida por sua rica biodiversidade e pela presença da comunidade indígena Parakanã, que sofre com a invasão e a degradação de suas terras tradicionais (EL PAÍS English) (Global Witness).
Impactos Ambientais e Sociais
Desmatamento e Mudanças Climáticas
O desmatamento causado pela criação ilegal de gado é um dos principais responsáveis pela perda de cobertura florestal na Amazônia. Entre 2018 e 2021, cerca de 90 mil cabeças de gado criadas em terras ilegalmente ocupadas na Amazônia foram integradas à cadeia de fornecimento do Brasil (Latin America Bureau). Esse processo não apenas destrói ecossistemas vitais, mas também contribui significativamente para as emissões de carbono, agravando a crise climática global.
Impacto nas Comunidades Indígenas
A invasão de terras indígenas para a criação de gado tem levado a conflitos violentos e à violação dos direitos humanos das comunidades locais. Os Parakanã, que habitam a Terra Indígena Apyterewa, têm enfrentado ameaças e violência devido ao avanço da pecuária ilegal. A destruição de suas terras não só afeta seu modo de vida tradicional, mas também coloca em risco sua sobrevivência física e cultural (Global Witness).
A Reação das Empresas e do Governo
JBS e Frigol
Ambas as empresas alegam que estão comprometidas com a eliminação do desmatamento de suas cadeias de fornecimento. No entanto, as investigações mostram que os sistemas de monitoramento utilizados não são eficazes para impedir que gado de áreas desmatadas ilegalmente entre na cadeia produtiva (EL PAÍS English) (Latin America Bureau). A JBS, em particular, tem sido alvo de críticas e ações legais por não implementar um controle rigoroso sobre seus fornecedores indiretos.
Ações Governamentais
Em resposta às denúncias, o governo brasileiro tem intensificado operações de fiscalização e repressão contra o desmatamento ilegal e a invasão de terras indígenas. A operação “Eraha Tapiro” é um exemplo recente de esforço conjunto entre a polícia e órgãos ambientais para remover gado criado ilegalmente na Amazônia (EL PAÍS English).
Conclusão
A compra de gado ilegal por gigantes da indústria de carne como JBS e Frigol destaca a necessidade urgente de mecanismos de monitoramento mais robustos e transparentes. Além disso, a proteção das terras indígenas e a implementação de políticas ambientais eficazes são cruciais para a conservação da Amazônia e a proteção dos direitos humanos das comunidades indígenas. A pressão da sociedade civil e a atuação rigorosa das autoridades são essenciais para garantir que práticas sustentáveis prevaleçam na produção de carne no Brasil.
Fontes Citadas
- Repórter Brasil. “JBS e Frigol teriam comprado gado ilegal criado em terra indígena Apyterewa, denuncia ONG.” Disponível em: Apública
- El País. “Brazil lawsuits link JBS to destruction of Amazon in protected area, seek millions in damages.” Disponível em: El País
- Global Witness. “Banks and financiers back beef giant JBS to the tune of almost $1bn.” Disponível em: Global Witness
- Latin America Bureau. “BRAZIL: JBS using beef from illegal cattle ranches.” Disponível em: LAB